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Um senhor, mais idoso, protesta: "É sempre a mesma coisa. Todos querem ser os primeiros a entrar. Se houvesse filas para a morte de certeza que gostariam de ser os últimos". Fez-se silêncio.
Seguem-se 20 minutos de "pára-arranca". No interior do autocarro as pessoas começam a soprar...
"Só faltava isto..." dizia alguém. "Já me arrependi de ter entrado no autocarro", protestou outro.
Um senhor, já à beira de um ataque de nervos ordena à motorista que ponha o autocarro em marcha. Missão impossível. O espaço existente entre o autocarro e o carro da frente era de 10 centímetros.
Toca um telemóvel. A moça atende e prossegue o diálogo: "Sim. Não me digas nada. Ainda estou no Marquês de Pombal. Estou à uma hora fechada num autocarro, numa fila de trânsito. Por este andar chego a casa por volta das 22h. Estou stressada, pois! Achas que é para menos? E pensar que pedi à minha chefe para sair um pouco mais cedo do trabalho. Tenho uma frequência amanhã e preciso de estudar. Sim, estou mesmo mal disposta. Para ajudar à festa o guarda-chuva partiu-se. Estou toda molhada. Ok, eu quando chegar dou-te um toque."
Quando cheguei à estação dos barcos o barco tinha acabado de partir. Mais alguns minutos à espera...
Depois de passarmos diariamente por este tipo de situações e durante anos a fio, começamos a ter pouca vontade de sair de casa. Desgraçadas das pessoas que se vêem obrigadas a utilizar os transportes públicos. De facto, só quem vivencia estes episódios é que sabe dar valor às dificuldades que a maior parte dos trabalhadores têm de ser capazes de contornar e ultrapassar para poderem cumprir os seus deveres profissionais, nomeadamente, os horários de trabalho. Ainda assim, e se têm a pouca sorte de chegar atrasados, são chamados à atenção por um superior hierárquico que mora a 15 minutos do local onde trabalha, tem motorista particular para o transportar de casa para o serviço e vice-versa e, em alguns casos, em viaturas do Estado. Pagas por todos nós.
Confesso que há situações em que sinto uma vontade ENORME de pôr a mãozita à cintura e de fazer rodar a baiana mas, em regra, o bom senso acaba por imperar. Oh, Deus!!!!!!!!
O governo deste país é que precisava de um TGV.... mas era para ABALAR a alta velocidade daqui!!!!
ResponderExcluirAdoro a forma como descreves os teus momentos, lembras o Cesário a descrever Lisboa. Só tu miga. é por isso que ando de Vespa faça sol ou um tremendo dilúvio, prefiro chegar molhado mas a horas ou sem desperdicio de tempo. Já andei mto de transportes e sei bem o que isso é, mas no meio desta tua conversa toda fiquei preocupado foi com o Bébé... como ficou ele e a mãe claro?
ResponderExcluirbjinho e obg por estas tuas dissertações ;)
Jorge Marques
Olá meu amigo Jorge ;)
ResponderExcluirEu é que agradeço a tua presença assídua aqui, no RegistoCriativo.
A mãe e o bebé foram auxiliados por nós. Entraram no autocarro e seguiram viagem. A criança não parava de chorar.
A vida não é fácil. Como eu valorizo estas pessoas.
Beijinhos Jorge. Feliz Natal e um excelente 2011. Tudo de bom para ti e família (^_^)