Tenho algumas lembranças deste local. Recordo-me de ter viajado na companhia dos meus pais e irmãs entre o Luso e Nova Lisboa. Tínhamos lá família e em Silva Porto, também. A última vez que efectuámos este percurso foi em 1975, dias antes de embarcarmos definitivamente para Portugal.
Estas viagens eram feitas no avião da carreira. A Divisão dos Transportes Aéreos (DTA), encarregou-se de substituir a sua frota por uns aviões mais modernos, a turbo-hélice (os Friendships) mas, do Luso para Nova Lisboa e vice-versa, ainda nos fazia cavalgar num sólido e romântico DC3 a pistão.
Voando baixo e devagar, a viagem era extremamente interessante e os pormenores não podiam escapar: como um brinquedo, um comboio de mercadorias, dos Caminhos de Ferro de Benguela (C. F. B.), saracoteava-se contente numa descida, por entre enormes eucaliptais, deixando para trás o seu jovial penacho de fumo; camiões pequeninos a saltitar sobre as irregularidades das estradas; quadrículas de verdes diferentes à volta de um barracão caiado, indicavam lavouras europeias ou pelo menos, de tipo europeu; como um fio pratedo pelo sol já alto, as águas do rio Cuito.
Os aviões do Aero Clube do Luso eram utilizados, também, para transportar doentes, em estado grave, das áreas periféricas da cidade para o Hospital do Luso. Mesmo nos casos em que o hospital da cidade não dispunha das condições exigidas para o tratamento adequado dos doentes, eram dali encaminhados, por avião, para os hospitais das cidades de Nova Lisboa e de Luanda.
Em Angola, todas a sedes de Concelho dispunham de campos de aviação. Os doentes em situação crítica eram transportados no avião do Governo do Distrito, ou nos aviões do Aero Clube do Luso.
Outros tempos... que já não voltam.
Nota: A segunda imagem é actual. Data de 2007.
Nota: A segunda imagem é actual. Data de 2007.
Olá,
ResponderExcluirvc se lembra de uma confeitaria daquela época na cidade do Luso, a Cristália?
João Canossa Mendes
Boa noite, João.
ResponderExcluirLamento, mas não me recordo da confeitaria.
Cumprimentos.
Beatriz Leal
Olá, Beatriz,
ResponderExcluirA Cristália era um ponto bem conhecido da cidade, muitos iam fazer um lanche, conversar, se encontrar lá. Ficava na mesma rua do HotelLuso e da única livaria da cidade, a livraria Leitão. A confeitaria era de meus pais...
Me emocionou muito ver seus posts sobre o Luso. E também as lembranças relatadas pelo António. Lembrei-me da Escola, na qual estudei também, e da Igreja, na qual fiz minha 1ª comunhão com o padre Gabriel. E do cinema, do clube, das Missões... foi uma bela infância, são lindas lembranças.
Minha mãe era conhecida na cidade como Menina Canossa, nas missões, nos aldeamentos dos caminhos de Ferro. Meu pai como o Sr. Pereira da Cristália (antes, da confeitaria Luso).
Olá João ;)
ResponderExcluirVou falar com a minha mãe e irmãe. Elas devem lembrar-se, com certeza. Recordo-me perfeitamente da papelaria e do senhor Leitão, do Hotel Luso, do cinema, do Ferrovia, etc.
O meu pai era conhecido e tratado por Leal. Trabalhava como motorista do Governador do Luso e tinha um pequeno comércio no bairro K, uma zona muito próxima da Missão e do Ferrovia.
Era aí a nossa casa, mesmo em frente á Missão.
As minhas irmãs eram as únicas gémeas que existiam,no Luso.
Um abraço e muito obrigada por estas recordações.
Beatriz Leal