As gerações de parvos.
Uma canção "pop" lançada no momento oportuno pode fazer mais para promover o debate público sobre um problema grave, e bem real, do que mil palavras ditas ou escritas sobre o mesmo tema.
Mas este sucesso não traz apenas vantagens. Também tem um lado perverso.
É o que sucede, por estes dias, com "Parva Que Sou", a canção dos Deolinda a que já se atribui o estatuto de hino de uma geração que foi tramada pelas que a antecederam. Por detrás deste sucesso, está um drama que é bem conhecido por quem está na faixa etária que se situa entre o final da adolescência e a casa dos 30 anos. As expectativas de que os sacrifícios feitos com o objectivo de chegarem ao mercado de trabalho mais bem apetrechados em matéria de habilitações seriam compensados com maiores facilidades de acesso a um emprego e, sobretudo, a um trabalho bem remunerado, foram frustradas.
Milhares não conseguem arranjar emprego. Muitos outros milhares saltam de estágio em estágio sem receberem um cêntimo, o que, na prática, significa que pagam, ou alguém paga por eles, para terem uma ocupação e um ligeiro aroma a experiência profissional. Com um pouco mais de sorte, alguns terão trabalho, com vínculos precários, sem perspectivas mínimas de estabilidade financeira que lhes permitam pensar em construir vidas autónomas e dar concretização aos legítimos sonhos de realização pessoal e profissional que qualquer pessoa tem o direito de alimentar. Fazem parte de um dos grupos etários onde o desemprego mais tem avançado, impulsionado pelo crescimento débil da economia portuguesa, pelo menos nos últimos dez anos. João Cândido da Silva - JNegócios|10.2.2011
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