Numa daquelas conversas perfeitamente naturais, entre senhoras, a minha amiga V. diz-me com uma enorme naturalidade:

- Quero lá saber que o meu marido "ande" com outras... desde que não me falte com nada em casa...

Com a mesma rapidez de raciocínio, a C. confirma:

- Podes crer. É para o lado que eu durmo melhor. Quando me começar a aperceber que o apoio que ele dá em casa (a mim e aos filhos) já não é o mesmo... aí sim, vou começar a preocupar-me.

Fiquei desiludida e triste, confesso. Respeito o ponto de vista de cada um é certo mas, sinceramente! Este diálogo fez-me lembrar algumas palavras de John Stuart Mill. Poucas mas acertadas.

"Poucas criaturas humanas consentiriam ser transformadas em qualquer dos animais inferiores em troca da promessa do mais pleno acesso aos seus prazeres bestiais; nenhum ser humano inteligente consentiria tornar-se um tolo, nenhuma pessoa instruída, um ignorante, ninguém de sensibilidade e consciência, um ser egoísta e reles, e isso mesmo que eles fossem persuadidos de que o tolo, o beócio ou o infame estavam mais satisfeitos com a sua sorte do que eles estão com a deles. (...) É melhor ser um ser humano insatisfeito que um porco satisfeito; melhor ser um Sócrates insatisfeito que um tolo satisfeito; e, se o tolo ou o porco tem uma opinião distinta, é porque eles só conhecem o seu próprio lado da questão."